Sou de um tempo que as meninas eram educadas para serem
delicadas, mães, professoras e donas de casa. Sou formada em Tradutora e
Interprete e iniciei minha carreira como professora de inglês na escola Yazigi
de Bento Gonçalves aos 18 anos. Minha carreira como empreendedora iniciou
quando resolvi sair do Yazigi e abrir minha própria escola de inglês. Foi um
passo importante pois em Bento Gonçalves naquela época só existia o Yazigi e eu
fui a primeira corajosa a ser sua concorrente. Fui proprietária desta escola
chamada Solution por 10 anos com mais duas sócias. Chegamos a ter 150 alunos e
muitos eram meus alunos particulares. Eu trabalhava 3 turnos e não ganhava
muito dinheiro pois a hora aula era muito barata e me obrigava a estar todo
tempo em sala de aula. Nestes anos aconteceu que me divorciei e precisei ter
outro emprego para complementar minha renda pois nunca recebi pensão
alimentícia para o meu filho que na época tinha 6 aninhos. Consegui
um emprego como tradutora em uma empresa chamada Scala Máquinas que
importava máquinas americanas e necessitava de uma pessoa que intermediasse a
comunicação entre os Estados Unidos e o Brasil. Cresci muito neste emprego,
viajei muito e aprendi a circular no mundo masculino . Como me dedicava quase
que exclusivamente a este novo emprego e estava ganhando bem, resolvi vender
minha parte da escola para minhas sócias. Estive neste emprego por 7 anos, foi
um tempo que costumo chamar de "tempo de guerra". Trabalhava longas horas,
passava muito tempo viajando e fazendo feiras internacionais e me relacionando
única e exclusivamente com colegas homens. Me transformei em uma businesswonan
fria e com pensamento lógico. Infeliz ou felizmente , nesta época tivemos o plano Real para
combater a inflação e em janeiro de 1999 ocorreu uma super desvalorização do
real. Do dia para a noite as importações ficaram impossíveis e eu...do dia para
a noite... perdi o emprego. Passei 3 meses desorientada e depois resolvi empreender novamente. iniciei o primeiro
escritório de comercio exterior em Bento Gonçalves. A exportação não era muito
conhecida no ramo moveleiro da serra gaucha e eu assessorava empresas desde o
fechamento do negócio até o envio e pagamento da mercadoria. O foco do
escritório era assessoria à exportação pois era o que o mercado demandava com
uma taxa do dólar tão elevada. O negócio em comercio exterior é altamente
estressante, competitivo e masculino. Mais uma vez estava rodeada de colegas,
fornecedores e clientes homens. Foram anos de grandes altas e baixas..Em 2004
com o dólar a 3,5 trabalhávamos até as 22 horas, mas também tivemos momentos de
dólar a 1,00 real e quase não tínhamos serviço.
Ao longo destes anos
os serviços foram ampliados para logística e serviços de trading além de
assessoria.Chegamos a faturar US$ 4 milhões anuais. Me adaptei a este mundo bem
diferente da minha educação para poder criar um filho sozinha e ser uma mulher
independente financeiramente. Depois de 13 anos a frente deste negócio , meu
filho assumiu o empreendimento de comercio exterior... e eu ?? Vou empreender novamente ! Agora no
ramo feminino e delicado da joalheria...afinal
quase chegando na minha aposentadoria vou voltar ao mundo que conheci na
minha infância !
TEXTO ESCRITO POR SOLICITAÇÃO DO SEBRAE BG PARA PARTICIPAR DO PRÊMIO MULHER EMPREENDEDORA 2013.
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