15 de janeiro de 2014

O anel que tu me deste ...




Só hoje caiu na minha mão a crônica de Martha Medeiros na Zero Hora do dia 22/12.
O relato dela sou eu !!!!
Já tirei muitos anéis do dedo e dei a pessoas que ficaram muito próximas por causa deste gesto...
Aqui vai um pedacinho da crônica:

Aconteceu em 2005.
Eu estava almoçando com uma amiga na cidade onde ela mora, fora do Brasil. De repente, olhei para sua mão e fiz um elogio ao anel lindíssimo que ela usava.Ato contínuo, ela retirou o anel e me deu. É seu.Fiquei superconstrangida, não era essa minha intenção, queria apenas elogiar,
mas ela me convenceu a ficar com ele, dizendo que ela mesma fazia aqueles anéis e que
poderia fazer outro igualzinho. De fato, fez.
Acabaram virando nossas alianças: desde então nossa amizade só cresceu.

Certa vez Marilia Gabriela entrevistou Ivete Sangalo em seu programa no GNT quando aconteceu uma cena idêntica. Ela elogiou o anel da cantora e esta, na mesma hora,tirou-o do dedo e deu de presente a Gabi, que ficou envergonhada, não estava ali para ganhar presentes, mas tanto Ivete insistiu,
e com tanto carinho, que recusar seria deselegância,e lá se foi o anel da morena para a mão da loira.

Diante de tanto acúmulo e posse, gestos de desprendimento são raros e transformam um dia banal em um dia especial. Não é comum alguém retirar do próprio corpo algo de que gosta e dar de presente,
numa reação espontânea de afeto.Pessoas fazem isso por inúmeras razões. Por gostarem realmente da pessoa com quem estão. Pelo senso de oportunidade. Pelo prazer de surpreender.
Por saberem que certas atitudes falam mais do que palavras.E por terem a exata noção de que um anel, ou qualquer outro bem material, pode ser substituído, mas um momento de extasiar um amigo é coisa que não vale perder.


Devo estar me transformando numa sentimentaloide, mas acredito que estes pequenos instantes de delicadeza merecem um holofote, já que andamos muito rudes e autofocados. Desfazer-se dos próprios bens é uma coisa meio franciscana, mas não se pode negar que um pouco de desapego torna qualquer relação mais fácil.E não falo só de bens materiais. Desapego das mágoas, desapego da inveja, desapego das próprias verdades para ouvir atentamente a dos outros.

Não estaria aí a fórmula do tal “mundo melhor” que tanto perseguimos? 

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