Só
hoje caiu na minha mão a crônica de Martha Medeiros na Zero Hora do dia 22/12.
O
relato dela sou eu !!!!
Já
tirei muitos anéis do dedo e dei a pessoas que ficaram muito próximas por causa
deste gesto...
Aqui
vai um pedacinho da crônica:
Aconteceu
em 2005.
Eu
estava almoçando com uma amiga na cidade onde ela mora, fora do Brasil. De
repente, olhei para sua mão e fiz um elogio ao anel lindíssimo que ela usava.Ato
contínuo, ela retirou o anel e me deu. É seu.Fiquei
superconstrangida, não era essa minha intenção, queria apenas elogiar,
mas
ela me convenceu a ficar com ele, dizendo que ela mesma fazia aqueles anéis e
que
poderia
fazer outro igualzinho. De fato, fez.
Acabaram
virando nossas alianças: desde então nossa amizade só cresceu.
Certa
vez Marilia Gabriela entrevistou Ivete Sangalo em seu programa no GNT quando aconteceu uma cena idêntica. Ela elogiou o anel da
cantora e esta, na mesma hora,tirou-o
do dedo e deu de presente a Gabi, que ficou envergonhada, não
estava ali para ganhar presentes, mas tanto Ivete insistiu,
e com
tanto carinho, que recusar seria deselegância,e lá
se foi o anel da morena para a mão da loira.
Diante
de tanto acúmulo e posse, gestos de desprendimento são raros e transformam um dia banal em um dia especial. Não é
comum alguém retirar do próprio corpo algo de que gosta e dar de presente,
numa
reação espontânea de afeto.Pessoas
fazem isso por inúmeras razões. Por
gostarem realmente da pessoa com quem estão. Pelo
senso de oportunidade. Pelo prazer de surpreender.
Por
saberem que certas atitudes falam mais do que palavras.E por
terem a exata noção de que um anel, ou qualquer outro bem material, pode
ser substituído, mas um momento de extasiar um amigo é coisa que não vale
perder.
Devo
estar me transformando numa sentimentaloide, mas acredito que estes pequenos instantes de delicadeza merecem
um holofote, já
que andamos muito rudes e autofocados. Desfazer-se
dos próprios bens é uma coisa meio franciscana, mas
não se pode negar que um pouco de desapego torna qualquer relação mais fácil.E não
falo só de bens materiais. Desapego
das mágoas, desapego da inveja, desapego
das próprias verdades para ouvir atentamente a dos outros.
Não
estaria aí a fórmula do tal “mundo melhor” que tanto perseguimos?
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